Dizem que o Bernie Ecclestone é
uma pessoa “chata” de se fazer perguntas. Pelo menos foi o que li certa vez
sobre isso, pois ele responde cada pergunta com outra pergunta. Farei o mesmo,
então! E por que não o Schumacher?
Admiro
patriotismo e nacionalismo, mas não relaciono diretamente a preferências, muito
menos esportivas. Sempre digo que minha torcida por um determinado time ou
atleta não mudar seus resultados e nem seus resultados afetarão o curso do meu
dia seguinte. Então por que diabos faz diferença se tenho preferência por um
atleta brasileiro ou estrangeiro? Na verdade nenhuma e apesar de adorar o
Brasil admito que falta muito para ser um país do qual se orgulhar. Claro que
em um aspecto ou outro temos motivos de orgulho e de desprezo também, como em
todos os países. Mas voltando ao assunto principal do tópico, muita gente
estranha e não entende o motivo de eu ser fã e torcedor de Michael Schumacher. “Como
pode torcer por um alemão arrogante?” Ora, tudo isso é muito subjetivo desde a
admiração por um atleta de outra nacionalidade até sua arrogância.
Para
entender porque comecei a torcer pelo Schumacher tenho que voltar à minha
infância, bem antes do alemão sequer pensar em chegar à Fórmula 1. Desde
pequeno, por influência de meu pai, torcia pelo Piquet. Acompanhava as corridas
esporadicamente, mas a torcida era sistemática. Quando Senna e Piquet começaram
com suas desavenças seus fãs levaram isso consigo, o que perdura até hoje,
infelizmente. A rivalidade deveria ser mais esportiva, até porque tenho certeza
que mesmo com todas as suas diferenças, nenhum dos dois era “mais” rival do que
seus fãs são hoje. Enfim, quando Piquet se aposentou em 91, Mansell em 92 e
Prost em 93, Senna assinou com a Williams e iniciou 94 como franco favorito ao
título dos próximos 5, 10, 20 anos segundo seus fãs, sem perceber que ele nem
correria tanto tempo. Então na primeira corrida de 94 no Brasil, mesmo sem ser
torcedor do Schumacher me vi torcendo pelo alemão exclusivamente pelo fato de
ele ser o rival com as possibilidades “menos piores” digamos, talvez o único
com um mínimo de chances de rivalizar para que Senna não vencesse as 16 etapas
do campeonato. O que infelizmente não se reduziria a uma única corrida vencida
pelo brasileiro. Ninguém imaginava que o carro que dominou as duas temporadas
anteriores de forma tão arrasadora seria uma cadeira elétrica em 94, nem Senna.
E mesmo após os fiascos das duas primeiras corridas, nem Senna imaginaria que
pudesse acontecer o que aconteceu naquela 1º de maio.
Mas o
assunto do tópico não é sobre a morte de Senna e nem vale ficar relembrando um
assunto tão debatido e triste aqui. A verdade é que a partir daquela temporada
por um motivo diferente de minha idéia inicial de apenas torcer para que algum
piloto derrotasse Senna nas pistas eu passei a torcer por aquele alemão
queixudo. Mais até do que torcia por Piquet, pois na verdade acompanhei pouco
da carreira de Piquet, sei muita coisa por ser meu ídolo de infância, ver e ler
muita coisa sobre ele, mas acompanhar ao vivo as corridas realmente eu ainda
não fazia até meus 10 anos. E os dois anos que Piquet comeu poeira na Lotus em
88 e 89 me fez perder interesse pela Fórmula 1. Mas aquela vitória no Japão em
90 me pegou de surpresa e me fez ficar acordado para assistir ao vivo a corrida
seguinte na Austrália. O GP de número 500 da história. E quem venceu novamente?
Sim, Piquet. A partir dali passei a assistir praticamente todas as corridas,
salvo situações extremas, como viagem ou um despertador falhando me fizeram
deixar de assistir uma ou outra corrida. E tudo isso pra dizer que, portanto
assisti a carreira de Schumacher desde sua primeira corrida. E dessa forma
posso contar pros meus futuros filhos e netos que eu vi a história da Fórmula 1
ser escrita, vi uma lenda surgir, recordes serem quebrados e marcas
praticamente inalcançáveis serem estabelecidas. Eu vi Schumacher!
No próximo post eu falo sobre sua
carreira.